terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Circulação pedestre no Maputo é um caos

Moçambique vive um período de relativo crescimento urbano. Este crescimento tem estado a acontecer sem um prévio acompanhamento das condições necessárias (transporte, saneamento, emprego, educação, etc.) a toda a população que demanda pela “boa vida” das cidades. A cidade capital do país, Maputo, é um exemplo notável de crescimento urbano que se pode verificar nos últimos dez anos no país. Este crescimento, pouco organizado, tem estado a trazer, para a “Cidade das Acácias”, problemas sectoriais sérios, onde a mobilidade urbana, a gestão ambiental e a segurança (em todos os sentidos) se configuram como pontos estratégicos a melhorar no processo de gestão municipal, provincial e nacional. Via de regra, uma capital é a “cara” do país. Quanto mais deficitária e desorganizada ela estiver, maior será a visibilidade pela negativa da cidade e do país. Neste texto não pretendo abordar sobre todos os problemas do Maputo, mas sim busco abordar um problema – o da circulação de pedestres – que se está a configurar como sério no dia-a-dia do cidadão desta urbe.

Deixo, neste texto, um apelo a quem de direito, sobre a necessidade urgente de trabalho educativo e preventivo direccionado aos munícipes e visitantes no sentido de se melhorar a circulação nas avenidas, ruas, passeios, etc. Já se foram os tempos em que se contavam os carros no Maputo e as pessoas podiam circular com menos regras. Hoje, a frota de veículos tem estado a crescer e fica visível que a cidade e as pessoas não estão e estavam preparadas para o abarrotamento de automóveis, pois é lamentável a falta de postura e respeito aos sinais de trânsito por parte dos pedestres. Entenda-se que não pretendo culpar, unicamente, os pedestres pelos problemas do trânsito moçambicano/maputense; este problema é uma parte deles e não pode ser ignorado pelos gestores municipais no processo de desenvolvimento de acções para melhoria do trânsito.

Parte considerável dos cidadãos, no Maputo, muito provavelmente não sabem da função da faixa de pedestres, não respeitam os semáforos destinados a mobilidade humana e muito menos respeita o direito de ir e vir nos passeios da urbe, pois se verifica que estes se transformaram em locais de comércio (i)legal. Esta situação visível e rotineira em Maputo pode (rá) causar danos de diversa ordem, bem como pôr em perigo a vida dos pedestres e dos condutores.

O que se vê e se vive no Maputo, em relação ao assunto aqui abordado, precisa de ser mudado e isso só pode ser conseguido com campanhas de educação mais fortes. Os meios de comunicação e/ou informação devem actuar de forma mais intensa na divulgação das boas maneiras/práticas de se locomover nas rodovias e nos passeios. É raro acompanhar/ver/assistir/ouvir na televisão, rádio, Internet, jornais, painéis publicitários, entre outros, informações/campanhas/sensibilização que eduquem e consciencializem os munícipes sobre as boas maneiras de se locomover. É preciso que se façam informes sistemáticos e mais agressivos respeitando os aspectos da realidade local. A título de exemplo, se existem campanhas publicitárias que ensinam as crianças a lançar pedras, quebrar barras de cimento, etc. para demonstrar a força que determinado produto causa nelas, era de recomendar que se fizessem campanhas capazes de ensinar que crianças inteligentes sabem atravessar as ruas, andar nos passeios, etc.

Outra forma de se combater este mal é a educação e consciencialização sobre o problema, dentro da instituição escola e família, das gerações que estão nos graus mais baixos de ensino e nas faixas etárias mais baixas. Creio que é mais fácil inculcar bons hábitos a quem está em processo de formação do que a quem, em toda a vida esteve habituado a uma rotina incorrecta. Não pretendo dizer que estes não são/serão grupo alvo das campanhas, mas sim que para uma sociedade futura, mais educada/instruída é viável apostar nas pessoas em formação. Este acompanhamento deve ser contínuo e integrado na rotina de vida destes (não deve acontecer somente próximo as datas comemorativas), para que hábitos não se percam no transcorrer dos tempos.

Não menos importante há também a necessidade dos gestores urbanos identificarem novos pontos de travessia nas rodovias (principalmente nas grandes avenidas) para encurtar as distâncias entre uma faixa e outra, bem como manter visível e operacional todo o sistema de sinalização rodoviário, pois, com relativa frequência observa-se a falta de tinta nas faixas e o não funcionamento dos semáforos que autorizam ou proíbem a circulação de pedestres. Um último apelo vai para a educação dos condutores que também devem ser instruídos no sentido de não violarem as faixas de pedestres e respeitar os semáforos para peão.

À Policia de Trânsito/Municipal deve ter um papel importante neste assunto, pois muitas das vezes estes presenciam várias situações de infracção de peões mas mantêm-se indiferentes, direccionando sua atenção unicamente aos condutores de veículos. É importante que sejam educadores constantes de ambos (condutores e peões).

Helsio Azevedo

online:http://www.jornalnoticias.co.mz/pls/notimz2/getxml/pt/contentx/1350835/20111221

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