quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Memória curta nas gestão de cheias - do Licungo ao Limpopo

Na década de 1990, devo ter ido umas sete vezes, por diversas razões, a Mocuba e a cidade de Nampula, utilizando a via rodoviária. Nesse trajecto, Quelimane-Mocuba-Nampula (vice-versa), não era possível deixar de lançar o olhar pelo Rio Licungo. Apesar de observar o caudal baixo, como se de um “fio de água” se tratasse, haviam indicadores que este rio, em tempos de chuva intensa, avolumava-se além das margens que se viam de cima da ponte. Outro sinal do perigo deste rio, era a ponte construída sobre ele. A sua extensão e altura indicavam que apesar de “dormente” o Licungo poderia acordar e causar os danos (sociais, económicos, etc.) que está a causar nesta semana. Senhoras e senhores, os rios “acordam”. É preciso entendermos os rios “adormecidos” para evitarem-se perdas humanas e danos matérias. Nas minhas caminhas pelo belo Moçambique, tenho observado que nas margens, por exemplo, da bacia do Rio Limpopo estão a ser erguidas novas infra-estruturas administrativas e sociais. A memória da bravura deste rio está associada às cheias mais medonhas que acompanhamos na televisão, as Cheias de 2000. Verificando a força e estragos das águas do Licungo e o despreparo na gestão de bacias hidrográficas, é caso para afirmar que a memória das pessoas e dos governantes, neste país, é curta. A postura de todos, para mitigar os efeitos das calamidades naturais previsíveis, deve ter outro grau de atenção e importância.

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